quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

P322-Fez ontem 37 anos que Amilcar Cabral foi assassinado

Foi ontem o aniversário do assassinato de Amilcar Cabral.
Tinha pedido ao nosso amigo guineense Norberto Tavares de Carvalho, também tabanqueiro em Matosinhos, que me enviasse algo, pois sei que se tem debruçado na recolha de elementos
sobre essa fatídica data. Enviou-me hoje um texto (já publicado no "Contributo" do Didinho), mas é demasiado longo para ser publicado todo neste blogue, que é de natureza muito soft...

Mas vai um pouco dele, para abrir o apetite (tenho o documento completo para quem quiser mais, ou pode vê-lo em http://www.didinho.org/):
«...Conspiração que até data presente nos queima as pálpebras pela ausência no cartório dos verdadeiros responsáveis do acto. Porque até hoje não existe nenhuma prova substancial de que a obra foi do general Spinola, que aliás sempre negou o facto, pois sonhava poder convencer o Amilcar das vantagens do seu projecto julgado demagógico de autodeterminação e posterior independência da Guiné, no quadro duma portugalidade considerada deveras insustentável, que seria, como se disse em certos círculos, perguntar a um escravo que já se revoltou se ele quer ser livre. Mas, no fim de contas, a independência da Guiné, privada do seu grande timoneiro, não mostrou que seria melhor continuar "escravo" do que ficar agarrado num eterno chove que não molha? Tantas oportunidades falhadas, tanto abuso de poder, tantos crimes e desavenças! E, enquanto isso, Cabral não parava de morrer...
Bem, além da tese do PAIGC, que abona sempre em detrimento do general, quem atribuiu directamente as despesas da organização do crime ao ex-Governador da Guiné foi o então capitão Otelo Saraiva de Carvalho que para tal se referiu a um telegrama enviado ao general no dia 5 de Janeiro de 1973 e que, segundo ele, dizia: "O PAIGC é, sobretudo e principalmente, Amilcar Cabral. Mas Cabral não é um homem que se possa comprar. Para o neutralizar existe um único meio: eliminá-lo." [in La Guinée-Bissau, d'Amilcar Cabral à la réconstruction nationale, Ed. L'Harmattan, 1978, p. 16] O que é curioso é o facto de o telegrama nunca ter sido reproduzido em parte alguma. Teria sido a sentença de morte pronunciada pelo Professor Marcelo Caetano, condenando Cabral. Mas, e as implicações internas na cúpula do PAIGC que hoje sabemos de sobra que existiram? Foram também obra do Spínola?»
É um texto muito interessante e útil para tentar compreender as condições, o contexto e os objectivos do assassinato de Amilcar Cabral, que, é verdade, continua a morrer. Para mal do bom e amigo povo da Guiné-Bissau. Vale a pena ler na totalidade este trabalho do Norberto.

2 comentários:

  1. O Camarada Otelo disse....tanta coisa...

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  2. Caros Camaradas e Amigos. Peco desculpa de aqui voltar com um esclarecimento,mas nao quero criar mal-entendidos.Ao escrever no meu comentário :"O Otelo disse tanta coisa" nao o fiz com ironia,mas sim com amargura.Como muitos outros,acreditei,entao,em algumas...dessas coisas.Hoje,e mais uma vez,como muitos outros...."pergunto-me"! Um grande abraco.

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