quinta-feira, 28 de abril de 2011

P557 - VAMOS OFERECER O BARCO À TABANCA DE ALALAB

Os habitantes da Tabanca  de Alalab no Norte da Guiné-Bissau já decidiram o nome que irão dar ao Barco que lhe vamos oferecer.

Será o “Tabanca Pequena
Uma fora simbólica de agradecimento à nossa Associação


Dimensões: 10 metros de comprimento.


Número de pessoas que pode transportar: Cerca de 35


Ganhos em termos de tempo para chegar a Susana:
 Na situação actual, a população tem de dar uma volta enorme a  pé passando por Edjim, Catão e Cassolol, o que exige cerca de 4 horas, passando por caminhos arenosos e pelos diques de cintura das bolanhas;
A outra alternativa actual é a do uso de pirogas muito perigosas, movidas a remos frequentemente por mulheres, com o risco de se virarem. É preciso contar com 3 horas para esta viagem
Com o novo barco a motor, a viagem faz-se em 45 minutos em condições de perfeita segurança.

Benefícios para a população:
Rapidez de acesso a Suzana, que é o centro de saúde mais próximo, para efeitos de tratamento
Meio de evacuação de doentes ou pessoas acidentadas a qualquer hora do dia
Segurança no transporte, contrariamente ao que se passa hje em que as canoas se viram com perdas de vidas humanas, bens alimentares e mercadorias de consumo alimentar
Assegurar o transporte de palha para cobrir as suas casas, contrariamente ao que se passa hoje, em que o facto de se ter que ir buscar muito longe de Elalab (nesta tabanca não há), faz com que algumas casas acabem por cair se não se conseguir o transporte;
Evacuação de produtos locais para os mercados semanais da zona: arroz, camarão, ostra, etc.

Repartição da despesa: 

Tabanca Pequena: assegura a construção do barco no valor de 900.000 CFA
Custo (em CFA):
madeira: 300.000
pregos: 60.000
quilha: 50.000
ferros: 60.000
tinta: 80.000
alcatrão: 30.000
mão de obra: 320.000   
Valor em euros. Cerca de 1.500.00


A AD (via fundo especial da venda de lâmpadas solares da ONG alemã TABANKA) compra o motor de 15 CV: 1,285.000 CFA.
Explicação do Fundo de Iniciativas TABANKA: Esta ONG alemã doa à AD lâmpadas solares que esta vende às pessoas interessadas. Com o resultado da receita, a AD financia algumas iniciativas de interesse social colectivo que as tabancas apresentam. Os moradores das Tabancas propõem, a AD executa. Foi o caso deste motor.


Uma piroga
Caminhos para Elalab
A nossa chegada a Elalab
Crianças de Elalab, tal com os adultos, vestiram  a melhor roupa para nos receberem.
Forma simpática de dizer: Venham cá mais vezes.
Zé Teixeira

segunda-feira, 25 de abril de 2011

P556 - ELALAB , TERRAS DO FIM DO MUNDO

Se há uma tabanca de que se possa afirmar que fica no fim do mundo, essa tabanca chama-se Elalab.
 
Uma amostra do caminho
Caminhar a pé com água doce ou salgada.
É um caminho/dique separador de águas
De um lado água doce. Do outro o tarrafo de um braço do Rio Cacheu.
O nosso amigo Pepito conhece o caminho como ninguém.
Para entender o seu isolamento teremos de voltar aos tempos em que os portugueses, tal como os outros povos europeus, varriam a costa de África na caça aos escravos. Na primeira fase dessa vergonhosa actividade, os escravos eram trazidos para a Europa. Só posteriormente se dinamizou o mercado de escravos para a América do Sul e América Latina.
Ainda na primeira fase, os povos autóctones mais fortes, como os Mandingas que procuravam dominar os mais fracos, entre os quais os Felupes, para vender os seus membros aos esclavagistas brancos. Os Felupes, para se defenderem dos seus adversários procuravam instalar-se em terras de difícil acesso, construíam as suas habitações com refúgios típicos de onde podiam ver o adversário e atacá-lo com as suas setas envenenadas.
Ficou-lhes na massa do sangue como soe dizer-se. Ainda hoje, os Felupes constroem as suas tabancas em lugares de acesso difícil. Elalab é um testemunho bem real.
Uma morança com o posto de vigia no vértice superior.
Outro tipo de morança fortificada, com pequenas janelas e portas muito baixas e apertadas
Para se chegar a esta terra de gentes tão simpáticas e acolhedoras, torna-se necessário ter um bom jeep com tracção às quatro rodas e potente motor. Mais que isso, exige-se um bom condutor e conhecedor do caminho. O nosso condutor, o Pepito, apesar de conhecer o caminho como ninguém, pois foi ele que o descobriu, atascou duas vezes na ida.
São três quartos de hora a rodar em autêntico deserto, de areias soltas, em rali, talvez comparavel ao Paris-Dakar em ponto pequeno. Mesmo assim que aventura!  
Eu que já andei um dia inteiro nas areias do deserto da Mauritânia, digo que não tem comparação, dado que o atolamento, devido ao tipo das areias, é uma constante.
Encontra-se uma tabanca no fim da aventura a quatro rodas, para se iniciar nova aventura a dar ao pé por caminhos feitos nos diques que separam as lagoas/rios de água doce, dos braços de água salgado do rio Cacheu. Por fim, aparece Elalab, rodeada de água doce ou salgada por todos os lados menos por um, o tal dique que nos permitiu lá chegar, com dezenas de crianças a correr ao nosso encontro.
A caminho da escola
As crianças 
O Pepito na escola, o homem que é adorado por aquela gente  e muitas outras gentes da Guiné-Bissau
 

O Pepito a explicar aos homens grandes, a razão da nossa presença ali.
 
Em roda, homens, jovens (rapazes), raparigas e as mulheres, por esta ordem, em circulo para nos ouvirem

Tem escola e dedicados professores, tem poços de água, tem muito peixe, têm uma Igreja católica e são praticantes fervorosos, segundo me disseram. Pode dizer-se que as suas gentes não passam fome. Mas, se alguém fica doente, não há médico que lá chegue e… tirar de lá o doente para o levar a um hospital, terá de sair de canoa…
As mulheres grávidas sabem qual é o seu destino e os riscos que correm. Parir ali no mato, sem o mínimo dos mínimos exigíveis, o que tem provocado a morte de muitas mulheres por infecções, bem como bebés. Conscientes da realidade, foram pedir à AD para construir um espaço com o mínimo de condições higiénicas a que chamam Centro Materno Infantil.
Na impossibilidade da Tabanca Pequena apoiar financeiramente o empreendimento a AD voltou-se para a nossa congénere alemã Tabanka, que parece ter-se disponibilizado para financiar a construção.
Da Tabanca Pequena ficam à espera que se comprometa a fornecer os acessórios, como a marquesa, camas de repouso e consumíveis de higienização e apoio às parturientes.
Por outro lado, sentimos que é urgente dotar a Tabanca com um barco para transporte de pessoas até Susana. A acidentada viagem de cerca de duas horas, por terra, resume-se a cerca de um quarto de hora por via marítima. Para além disso, numa terra rodeada de água, um barco faz muito jeito para o transporte de mercadorias, como por exemplo a palha de capim para cobrir as moranças, que vão buscar aos capinzais afastados da tabanca, do outro lado do rio.
Creio que estamos em condições de, em parceria com a AD, mais uma vez contribuir para a felicidade deste povo, oferecendo o barco que custa de 1.500.00 €, comprometendo-se a AD a fornecer o respectivo motor.
Mais um desafio à Tabanca Pequena. Saberemos ultrapassá-lo como o costume com a colaboração dos nossos associados e amigos.

Zé Teixeira

sexta-feira, 15 de abril de 2011

P555-Mais um grupo rumo à Guiné

Partiu hoje rumo a Bissau mais um apreciável grupo de "Tabanqueiros" que lá se deslocam não só em romagem de saudade mas em trabalho de reconhecimento para a nossa Associação.
Á excepção de um, todos os outros são nossos associados e têm assumido de forma bem consistente. a nossa causa humanitária.
"Comandados" pelo nosso querido Zé Teixeira, o mais experiente do grupo, e que desta vez se faz orgulhosamente acompanhar pelo filhos Tiago e Joana, vão matar saudades e desenvolver ações de reconhecimento local para os nossos projectos dos poços e das nossas ajudas médico sanitárias que temos previstas para o corrente ano.
Vão ter em Bissau a colaboração imprescindível do Xico Allen que por lá se encontra há já algum tempo e da AD na pessoa do Pepito que os orientarão da melhor forma com vista a tornar a estadia deles o mais agradável possível.
Eis a comitiva hoje à tarde à partida no aeroporto Sá Carneiro.

Da esquerda para a direita, o Jorge Cruz (soc.-21), Vitorino Silva (soc.-47), Joana Teixeira (soc-226), Tiago Teixeira (soc.-131), José Teixeira (soc.-4), Moutinho Santos (soc.- 5), João Rebola (soc.- 199), um camarada de que não sei o nome,Nascimento Azevedo (soc.-73) e Bento Luis (soc.-211)

Especialmente dedicado a este grupo o Lino Silva que é um poeta afamado e faz rimas com enorme facilidade dedicou-lhes estas quadras na passada quarta feira no final do nosso almoço semanal

o autor

Como o Adelino nós também lhes desejamos boa viagem e que encontrem nesta viagem (para a maior parte a primeira após a guerra) as alegrias e o conforto que buscam.

Álvaro Basto

quarta-feira, 13 de abril de 2011

P554-LAMPREIADA NO PRÓXIMO DIA 30 DE ABRIL


O nosso camarada António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Mampatá, 1972/74, enviou-nos o seguinte convite com data de 12 de Abril:









Lampreiada no dia 30 de Abril

Vai realizar-se uma jornada gastronómica e turística no dia 30 de Abril (Sábado), no Restaurante Freitas, localizado à margem da Estrada Nacional nº 108 (R-108) conhecida por estrada Porto - Entre-os-Rios, mesmo junto à ponte/barragem de Crestuma-Lever.



Programa da Jornada

11h00 - Concentração no Parque de Estacionamento do Restaurante;


11h01 - Início da visita às instalações da Barragem Hidroeléctrica guiada por um técnico da barragem, pelo Sr. Engº Costa e Silva (EDP) e o nosso Pira de Mansoa Magalhães Ribeiro, que também integra os quadros profissionais da EDP;


12h30 - Almoço (Prato único - Lampreiada);


15h00 - Visita à nova Ponte sobre o Douro (Ponte de Medas) e hipotética visita à Central de Ciclo Combinado de Produção de Energia Eléctrica a Gás Natural, também em Medas.



PS: O preço do almoço é igual ao que pagamos às quarta-feiras nos nossos habituais almoços/encontros.


O dono do restaurante, o Aníbal,  também foi combatente na Guiné 73/74.


O vinho será pago por fora mas é bom (novo da Quinta da Senhora da Graça) e barato.


Por um ou dois euros teremos vinho à fartura para todos. 


IMPORTANTE
As confirmações de presença devem ser remetidas para os telemóveis do António Carvalho – 919401036, do Magalhães Ribeiro – 965 059 516, para o e-mail: ascarvalho1972@iol.pt
Podem trazer companhia


É imperativo confirmar as presenças até ao dia 27.

Este almoço não tem como objectivo a angariação de fundos para a Guiné... não pode ser sempre.

Um abraço,
Carvalho de Mampatá

sexta-feira, 8 de abril de 2011

P554-AS CRÓNICAS DO ZÉ RODRIGUES

CRÓNICAS DAS MINHAS VIAGENS À GUINÉ-BISSAU
A PRIMEIRA VIAGEM – 1998

4 – A CAMINHO DO XITOLE, 26 ANOS DEPOIS.
No Capé, bem cedo, preparamo-nos para a viagem ao Xitole. Viatura pronta, almoço pic-nic na mala térmica para um dia inteiro “fora de casa” e lá partimos para uma visita cheia de incógnitas e de muita ansiedade. Vinte e seis anos depois estava agora a caminho dos locais em que vivi os momentos mais marcantes e sofridos do meu percurso como ser humano. Ia levantar a poeira das memórias, ia rever um filme cujo enredo conhecia, mas cujo cenário e figurantes eram agora uma interrogação. Atravessamos Bafatá.

A partir daqui a estrada era alcatroada mas, a espaços, muito maltratada. Pela frente ficava Bambadinca. Aqui, esteve sediada a CSS do BART 2917 a que pertencia a “minha” CART 2716. Em toda a comissão, só passei por Bambadinca de e para Bissau ou Bafatá e, este não era o momento para me deter por aqui.
Seguimos o nosso caminho e confesso-vos que, ao atravessar Bambadinca, talvez pela presença de militares ou pelo imenso formigueiro humano que nos impunha marcha lenta, me senti algo inseguro. Uns quilómetros mais à frente e, já só pensando no Xitole, tudo passou. Com os olhos fixos na estrada tentava adivinhar os

sinais que me ajudassem a identificar a “Ponte dos Fulas”, passagem obrigatória a caminho do Xitole. De repente, surge uma ponte que não conhecia. Aqui paramos e lesto, saltei da viatura. Um misto de alegria e de nervoso miudinho dominava-me. Debrucei-me sobre o varandim e não foi difícil encontrar logo ali o esqueleto da velha ponte. De um lado, alguns pilares carcomidos pelo tempo e, do outro, escondido entre a ressequida mas densa vegetação, estava escondido o velho fortim de vigilância. Estava-mos na época seca e, do rio Pulon, restava uma pequena lagoa com uma canoa submersa. Nada mais restava daquilo que a memória guardava. As obras da nova ponte e da estrada alcatroada, apagaram a estrutura principal do destacamento. Mas, qualquer coisa faltava ainda ao cenário. A memória dizia-me que, entre a mata que deixara para traz e a ponte, existia uma bolanha que era cortada pela picada de acesso à mesma. O arvoredo que foi crescendo, algo disperso, alterou a paisagem. Da bolanha só o local. O Xitole estava agora muito próximo. Jipe em marcha, vencida uma pequena subida e, tendo por companhia cajueiros de ambos os lados da estrada, surge uma pequena placa que indicava que à direita estava o Xitole. Abordamos a entrada da povoação.

A paisagem que se me apresentou, só a espaços me dizia alguma coisa. Reconheci as árvores alinhadas de ambos os lados da antiga picada à saída do Xitole no sentido Saltinho, mas não reconheci uma mesquita que entretanto aí se construíra. Esta não era a entrada para o Xitole que eu conhecia. Avançando devagar, entramos pela tabanca adentro. A comparação das imagens que guardava na memória, com o cenário que tinha pela frente, dizia-me que esta era o lugar em que passei os cerca de dois anos mais marcantes da minha vida. As moranças, alinhadas como no passado, eram agora em menor número e os velhos mangueiros continuavam no seu posto de sempre. À medida que íamos avançando, a localização do “quartel” tornava-se mais nítida. Poucas crianças e alguns adultos aproximaram-se do jipe. Num primeiro olhar, não descobri qualquer cara conhecida. As primeiras palavras entre nós foram, num primeiro momento, algo cerimoniosas, passando rapidamente para o desinibido e até efusivo, o suficiente para quebrar aquela estranha sensação de estar a invadir a intimidade daquela gente. Sentia-me tranquilo e feliz. Estava entre a “minha” gente. Reconheci neles a simplicidade, o jeito afável e as marcas das suas tradições e cultura. Era aquele povo que aprendi a respeitar, mas a quem tudo falta. Já no local da “porta de armas” e, na nossa frente, eram visíveis a casa do Chefe do Posto, o depósito de géneros, a secretaria e messe de sargentos, a messe dos oficiais e, à esquerda, o esqueleto em betão do que foram as oficinas e o posto de socorros. Aqui, mais ao centro, estava o memorial deixado pela CART 2413 que nos antecedera, e o mastro em que todos os dias era desfraldada a Bandeira Nacional.

À direita, ainda resistia a casa e o armazém do comerciante libanês Jamil Nasser. Saí do jipe e fui vasculhar o que restava do “meu” posto de socorros. Dois degraus, as vigas da estrutura da construção e os muitos “cacos” dos tijolos que tinham sido aproveitados para outros fins, eram tudo o que restava do cenário em que exerci a enfermagem possível, e de que guardo memórias que nunca mais se apagam. Continuamos até ao fundo do “quartel” e aí encontrei outra construção que não conhecia. Era a escola com duas salas de aulas. Quando o Professor (Nicolau Afonso) se apercebeu da nossa presença, acabaram-se as aulas. Dissemos que trazíamos roupas, cadernos, lápis e uma bola de futebol. A criançada pulava alegre, ruidosa e olhava-nos com curiosidade. A notícia chegara até à tabanca e não tardou que mais crianças e adultos se nos juntassem para a distribuição. Era o brilho no olhar daquela gente e o sinal de que estavam gratos pela nossa presença. Quando demonstrei interesse em encontrar o “meu ajudante”Galé Djaló, informaram-me que ele vivia em Quebo (Aldeia Formosa). Aproximava-se a hora de aconchegar o “papo” e fomos devorar o almoço pic-nic em Cussilinta, para onde nos dirigimos, passando pelas tabancas de Cambêssê e Sincha Madiu,


com a ideia de irmos depois até Aldeia Formosa. Os rápidos de Cussilinta são um lugar de visita obrigatória para quem dele desfrutou no tempo da guerra. O almoço bem regado e “farto” de carnes frias, foi saboreado à sombra de robustas e velhas árvores, junto dos rápidos. Para ajudar à digestão, saltitamos depois pelas rochas até aos canais por onde a água se escapava e até junto da piscina natural. A paisagem é soberba. Duas águias pesqueiras sobrevoavam a zona. Estava na hora de irmos até Aldeia Formosa procurar o Galé. Pelo caminho ainda haveria lugar a uma pequena paragem no Saltinho para um café e para se apreciar aquela obra de arte. Lugar mítico este. Um antigo quartel aproveitado para uma “Pousada” de Pesca e Caça, uma ponte de porte altivo e o Rio Corubal a deixar-se deslizar por entre os espaços das rochas. A paragem seguinte seria na procura daquele guineense futa-fula que tanto me tinha ajudado. Chegados a Aldeia Formosa indaguei, junto de um grupo de locais, da localização da morança do Galé. Depois de conversarem entre eles, informara-me que ele estava a trabalhar em Cacine, lá bem para o sul, como funcionário das alfândegas. Deixei o meu contacto e o pedido de, o informarem da minha presença no dia seguinte no Xitole. Queria encontrar-me também com o ajudante dos mecânicos Saido Baldé, que nessa manhã esteve ausente do Xitole. Estava na hora do regresso ao Capé, para um resto de tarde junto da piscina, na companhia dumas “loirinhas” bem fresquinhas. Foi um dia que respondeu a muitas das perguntas que trazia na bagagem e que me conciliaram com o passado. O “quartel” do Xitole, retinha o essencial da sua estrutura e, apesar da degradação, tudo me era familiar. Estava tranquilo, feliz e em segurança, mas sentia a falta do contacto humano daqueles que conhecia. Amanhã seria um novo dia.
Continua…………
  
  

segunda-feira, 4 de abril de 2011

P553- O NOSSO ALMOÇO CONVÍVIO NA PARQUE ZOOLÓGICO DA MAIA

O dia nasceu enevoado e com ar ameaçador de chuva mas por volta do meio dia e meia hora era já um número considerável de amigos associados e familiares que se concentravam junto ao Restaurante do Bar do Parque Zoológico da Maia, ali bem pertinho das instalações privadas do Sr. Hipopótamo.

Os Zés, Teixeira e Rodrigues, o Carlos o Vitorino o Jorge Cruz etc...vaidosos nas suas novas T shirts da Tabanca, andavam numa fona atarefados a colocar os camarões em pratos nas mesas, a distribuir o pão e as garrafas de vinho e iam  intercalando tudo isto com as saudações dos que entretanto iam chegando e queriam logo saber onde se deviam sentar. 
A balbúrdia estava instalada mas logo se foram todos acomodando e as mesas ficaram todas cheias. Mais de 100 pessoas ao todo foram ordeiramente ocupando os lugares vazios entre a habitual algazarra dos que chamavam pelos companheiros ou familiares para se sentarem junto deles.
Entretanto o "conjunto" já havia instalada a complicada panóplia de electrónica e tinha começada a musica suave que nos iria acompanhar durante o repasto e depois dele
Aqueles camarões vermelhos a contrastarem nos pratos branco eram uma tentação e de imediato se passou ao ataque. E que ataque...Felizmente havia marisco com fartura como se tinha prometido e toda a gente ficou satisfeita.

Recolhidos os pratos das cascas dos camarões e como por milagre começaram a surgir nas mesas um tachinhos prateados fumegantes, uns com arroz branco outros com tripas à moda do Porto, daquelas que são mais carne que feijão...e que pitéu, asseguro-vos eu que sou conhecedor do manjar. 
O ambiente não podia estar melhor, a música, o estômago a ser recheado de coisas boas e a companhia uns dos outros, as conversas sucediam-se as mais variadas mas sempre com um sorriso de boa disposição nos lábios. E não pensem que era só da guerra que se falava já que a família estava lá e está farta de nos ouvir a contar as mesmas histórias...
Sem dar por ela o tempo foi passando e chegou a hora das sobremesas.
Bom a generosidade e a imaginação das nossas companheiras que se aprimoraram na doçaria foi indescritível.
A variedade e a qualidade eram tal que não dá aqui para descrever ao pormenor.
Só sei que eu cá, comi brigadeiro de chocolate, mousse de ananás, mais uns bolos caseiros de maçã, coco e amêndoa e uns morangos dulcíssimos que foi até lhe chegar com o dedo. Durante todo este tempo o conjunto foi acompanhando o almoço mas com o términos dele aumentou um bocadinho o volume e os ritmos começaram a aquecer. Lá foram arrastadas algumas mesas para dar espaço e os mais afoitos lançaram-se em pés de dança primorosos e a compasso. E que consolo era vê-los,  eles e elas a darem à perna como se quisessem fazer a digestão das tripas e das sobremesas ali mesmo.

Nunca tínhamos tido uma festa tão animada e tão bem tivesse corrido.
O tempo passava e hora de se tratar de coisas sérias chegou. Era tempo de se fazer a Assembleia Geral


Ordinária para aprovação das contas da Tabanca dos anexos, do Relatório de Actividades e do Parecer do Conselho Fiscal. O Presidente da mesa expôs com clareza o que se pretendia, o o presidente do Conselho de Administração falou do que havia sido feito e enalteceu o trabalho de alguns dos Directores cujo esforço e altruísmo tem dado os seu relevantes frutos.
Submetida à votação foram todos os documentos aprovados por unanimidade.
Estava assim encerrada a AG e de imediato se passou à segunda fase programada da música com a entrada em cena dos Fados.


Tínhamos connosco a nossa (acho que posso classifica-la assim) fadista quase privativa que acompanhada à guitarra e à viola por uma par de profissionais de elevada categoria, com a sua bela voz rouca a todos deliciou. Foi um problema pois os "encores" sucederaram-se e pareciam nunca mais saciarem a vontade de a continua a ouvir. Claro que me refiro à Francisca Silva filha do nosso amigo e grande camarada Emílio Silva.
Seguiu-se o nosso camarada poeta e fadista que vive habitualmente em Paris António Ferraz de Barros que a todos deliciou com os fados da sua autoria onde os sentimentos como a saudade da terra e da família são o corolário sempre presente de alguem expatriado durante tantos anos.
E de música em musica lá se foi dando largas à boa disposição e já passava das seis e meia quando se deu por encerrada a sessão.


São sempre assim os convívios da Tabanca Pequena...muita alegria muita confraternização e sobretudo muita solidariedade

domingo, 3 de abril de 2011

P552-CARTA ABERTA AO EXMO. SR. PRESIDENTE DA REPUBLICA,

Não temos tido por hábito reproduzirmos aqui textos de cariz político de autoria quer de camaradas nossos quer de outras entidades, mas dado que o problemática abordada tem um caracter fortemente globalizante para todos nos, ex-combatentes e ressalvando ainda a opinião que cada um posso ter sobre o assunto, decidimos dar publicidade a dois textos  de um autor sobejamente conhecido de todos nós pelo suas posições apaixonadas sejam elas em que matéria for.
Trata-se do meu/nosso "camarigo" e nosso associado Joaquim Mexia Alves que, como publicado no poste 549 completa este mês 62 anos no dia 6.
A ele endereçamos desde já e aqui os nossos mais sinceros parabéns.
Privamos ambos de forma intensa no Xitole nos longínquos anos 70 e desde essa altura que o tenho por homem integro e por um amigo com inicial maiúscula, daqueles que se precisarmos, o temos sempre à mão pronto a ajudar-nos no que for preciso com o seu coração generoso do tamanho do mundo.

O primeiro texto foi publicado no Blogue do Xitole e aqui vai:


Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do início da Guerra em África
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Quis o Senhor Presidente da República (ouvir discurso aqui), exortar os jovens de hoje a viverem a determinação e o desprendimento dos jovens do nosso tempo, que fizeram a guerra do Ultramar.

Como não podia deixar de ser, logo vieram aqueles que, achando-se donos da verdade, atacam tudo o que possa ser, no seu entender, alguma espécie de elogio ao anterior regime que governou Portugal.

Tomando a “nuvem por Juno”, decidiram que o PR estava a elogiar o regime, em vez de perceberem que o referido Senhor estava a prestar uma homenagem à abnegação e coragem daqueles que combateram na guerra do Ultramar em nome de Portugal.

(Curioso até que o PR tenha referido os combatentes africanos que connosco combateram e foram na maior parte vilmente abandonados à sua sorte.)

Estes impolutos “pensadores”, (a maior parte criancinhas em 1974), vieram com uma certeza inabalável, explicar aos “ignorantes” Portugueses as nossas motivações, e até como foi a guerra, etc., etc., como se lá tivessem estado e o seu conhecimento da coisa fosse o único correcto.

E em vários lugares lá fomos apelidados daquilo que há muito não ouvíamos, com termos como: colonialistas, assassinos, torturadores, bárbaros, fachistas e por aí fora.

E então a grande razão para que não pudesse haver elogio, nem homenagem, à nossa geração, era porque não tínhamos sido voluntários, porque tínhamos sido obrigados, que se pudéssemos tínhamos fugido, e por isso mesmo, não havia determinação, nem desprendimento, nem coragem, nem lugar para homenagem.

Quer isso então dizer que se os militares que forem para uma guerra, (uma guerra a sério com aquela de que falamos), não forem voluntários, não são determinados, não são desprendidos, não são corajosos, não são merecedores de homenagem.

Esquece-se esta “malta” que assim fala, que esses jovens não tiveram a vida fácil, porque nada era fácil naquele tempo em Portugal.

Mas para a coisa se tornar mais complicada foi-lhes “dada” uma guerra que tiveram de fazer, e ao regressar, (aqueles que regressaram, apesar de tudo uma maioria), ainda tiveram que lutar sozinhos para se readaptarem à vida do seu país, uns a trabalharem que nem uns “desalmados”, outros a fazê-lo nos bancos das escolas superiores ou não, alguns, (muitos, quase todos), a lutarem diariamente com os fantasmas que trouxeram e a eles vieram agarrados, com a incompreensão de todos, às vezes até da própria família.

E foram estes jovens por todos desprezados, quer no passado, quer no depois presente próximo, que foram construindo o país em que agora estes pseudo-intelectuais peroram, como se lhes tivesse custado alguma coisa a vida que agora vivem.

Realmente continuamos a ser “carne para canhão” mas, desculpem-me o “marialvismo”, gostava que um desses me viesse dizer na cara aquilo que diz aos microfones, ou escreve em jornais, ou blogues.

Talvez, dos meus fracos quase 62 anos, ainda saísse algum desprendimento ou determinação para lhe enfiar duas lambadas bem merecidas.

E não me venham dizer que estou a branquear isto ou aquilo!

Eu não sou Omo nem Tide e por isso não lavo, nem branqueio, estou apenas, repito apenas, a falar de combatentes e da forma como foram e são tratados.

Tenho dito.


Monte Real, 18 de Março de 2011
Joaquim Mexia Alves


O segundo texto chegou-me via Email como sugestão de publicação e integra-se na mesma problemática.
Por me parecer tremendamente oportuna aqui fica igualmente à vossa consideração:

Exmo. Senhor Presidente da República
Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva




Escrevo esta carta aberta a V. Exa., pois na sua qualidade de Presidente da República é também o Comandante Supremo das Forças Armadas de Portugal.

Aproxima-se o dia 10 de Junho, e como sempre acontecerão as respectivas celebrações e actividades, que se vão tornando no tempo e na história, cada vez mais afastadas daquilo que deveriam efectivamente ser.

Com efeito, hoje já não faz sentido o chamado “Dia de Camões e das Comunidades”, por razões tão óbvias que nem precisam ser enumeradas

O dia 10 de Junho, que deveríamos entender como o Dia de Portugal, esteve sempre ligado, na sua mais original génese, aos Combatentes de Portugal, que ao longo da História da Nação foram dando o melhor de si para a servir.

E é perfeitamente legitimo que assim seja, porque uma Nação que se honra da sua História, sempre deve homenagear os seus filhos que por essa História se entregaram com risco, e muitas vezes entrega da própria vida.

A maior parte das nações que de um modo geral Portugal considera aliadas ou amigas, têm em cada ano, um dia especialmente dedicado aos seus Combatentes, independentemente das razões ou legitimidade das guerras travadas.

Assim, em nações como a Grã-Bretanha ou os Estados Unidos da América, (para citar apenas estas duas), esse dia é comemorado com “pompa e circunstância” e os Combatentes são a figura principal das celebrações desse dia, sem distinção, conotações políticas, ou quaisquer outras, mas apenas respeitando e homenageando aqueles que serviram a Pátria com as suas próprias vidas.

Se o 10 de Junho não é entendido nesta dimensão, (e é óbvio pelo passado recente que o não é), duas coisas há a fazer:

- Ou fazer do 10 de Junho esse dia de homenagem e respeito aos Combatentes.

- Ou criar um novo dia específico para essa homenagem, na certeza porém, de que o 10 de Junho nos moldes em que é celebrado agora, perderá rapidamente a anuência e empenho dos Portugueses que agora, apesar de tudo, ainda minimamente tem.

Não se perguntarão as autoridades de Portugal, o porquê de, ainda havendo tantos Combatentes das guerras recentemente travadas por Portugal, ser tão diminuta a afluência às celebrações do 10 de Junho?

A resposta é sem dúvida muito fácil.
É que os Combatentes não se revêem na forma como esse dia é celebrado e muito menos ainda na forma como são tratados nesse dia e em todos os dias.

Escrevo a V. Exa. por mim, mas também por muitos que ouço e pensam como eu.

Não se trata agora de subsídios, ou outras “compensações” financeiras, seja por que motivos forem, mas sim, única e exclusivamente, de respeito e consideração por aqueles que, tendo deixado tudo, (voluntária ou involuntariamente), não deixaram de servir Portugal, a maior parte das vezes em condições de terrível sobrevivência.

Foram gerações sacrificadas, mas generosas, como V. Exa. muito bem disse no seu recente discurso na “Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do início da Guerra em África”, e que, mesmo não tendo na sua maior parte “ido à guerra” de modo voluntário, não deixaram de cumprir até á exaustão com tudo o que lhes foi exigido, e em condições de inigualáveis dificuldades, prestigiaram Portugal e todos aqueles que pela Nação combateram desde a sua própria Fundação.
Pode parecer uma escrita épica, ou desajustada das “realidades” de hoje, mas é verdadeira para todos aqueles que se orgulham de ser Portugueses e se orgulham da sua História.

E isto, repito, nada tem a ver com política, ou formas de interpretar as guerras, mas sim como o respeito que sempre deve existir por aqueles que se deram pelos outros.

Nós, Combatentes, não queremos ser anónimos, nem envergonhados, (que o não somos), mas queremos sim, (tal como nos países acima referidos), desfilar, de pé, de cadeira de rodas, ou conduzidos por outros, seja qual for a nossa condição, acompanhados pelos estandartes e símbolos, sob os quais servimos Portugal.

Não nos movem quaisquer razões político/partidárias, nem conotações com qualquer regime, mas sim, a razão de querermos desfilar em Belém, pois queremos desfilar em homenagem e honrando aqueles que estão inscritos naquele Monumento aos Combatentes, e que deram tudo o que tinham a Portugal, ou seja, a sua própria vida.

Não queremos discursos de circunstância que ninguém ouve, nem queremos discursos de instituições mais ou menos estatizadas, queremos sim ouvir algum ou alguns de nós, que nos encham a alma, o coração, bem como o Comandante Supremo das Forças Armadas, para nos sentirmos vivos, para nos sentirmos respeitados, para sentirmos que a «Pátria nos contempla», não para nosso orgulho, mas para nosso respeito, e para que as gerações vindouras saibam que Portugal honra os seus filhos.

Senhor Presidente da República, está nas suas mãos ouvir os Combatentes!

Não, como acima refiro, as instituições mais ou menos “estatizadas” de Combatentes, mas ouvindo os Combatentes, que até pela força do seu passado, com muita facilidade se organizarão para responder a um seu convite.

Estamos, como V. Exa bem sabe, pois também fez uma comissão em Moçambique, a ficar cada vez mais velhos, já para além dos 60 anos, pelo que é tempo de se corrigir o desprezo a que foram e são votados os Combatentes de África.

E não só os de África, mas os de todos os tempos que serviram Portugal.

Desfilaremos, transportando com tanto orgulho o estandarte das nossas unidades militares da guerra em África, como com o estandarte dos nossos irmãos mais velhos da guerra na Europa, ou em qualquer parte do mundo.

Portugal precisa, mais do que nunca, de se olhar, de olhar as suas gentes, de redescobrir a generosidade com que os Portugueses sempre se deram pela sua Nação, para não corremos o risco de cada vez mais nos fecharmos em nós próprios apenas para “lambermos as nossas feridas”.

Homenageando, respeitando e enaltecendo os Combatentes, homenageamos, respeitamos e enaltecemos a vontade inabalável dos Portugueses.

Homenageando, respeitando e enaltecendo aquelas gerações, fazemos também com que as gerações de agora e as vindouras, sintam orgulho e vontade de pertencerem à Nação que «deu novos mundos ao mundo».

Está nas suas mãos, Senhor Presidente da República, marcar uma viragem importante e imprescindível nas celebrações do 10 de Junho, e assim, dar aos Portugueses e ao mundo, uma nova imagem de Portugal que honra os seus filhos, porque só por eles existe e é Nação.

Com os meus respeitosos cumprimentos

Joaquim Manuel de Magalhães Mexia Alves
Alferes Miliciano de Operações Especiais na disponibilidade.
Guiné 1971/1973

Sem mais comentários.
Álvaro Basto

P551-SINAIS DA PRESENÇA DA TABANCA PEQUENA NA GUINÉ-BISSAU

Temos vindo a centrar a nossa ação na angariação de fundos com  objectivo de fomentar a abertura de poços de água potável nas tabancas do interior da Guiné-Bissau.
Graças à contribuição de muitos amigos da Guiné, vamos iniciar a construção do terceiro poço em Farim do Cantanhez.
Outras iniciativas mereceram o nosso esforço; fraldas e roupa para bebés, roupa para crianças e jovens, roupa para adultos, material e equipamento escolar, material para desenho e pintura, quadros escolares de parede, carteiras, livros escolares, livros para bibliotecas, medicamentos, máquinas de costura usadas, etc.
Irmanamo-nos com várias associações que quiseram estar connosco neste projecto, com o seu carinho e acção, bem como a muitos camaradas que não se pouparam a esforços para que os nossos objetivos tivessem sido atingidos. A todos se deve muito do equipamento que chegou à Guiné-Bissau:
O Lions Club da Trofa, na angariação de fundos, roupas para Bebé e criança, livros e material escolar.
O Lions Club da Senhora da Hora na angariação de fundos e roupas.
A Associação Passo Positivo na classificação e ordenamento de medicamentos recolhidos nas Farmácias da Vila da Senhora da Hora, para serem entregues em diversos hospitais.
A Associação Viver 100Fronteiras, que transportou os diversos equipamentos para a Guiné-Bissau e providenciou a entrega junto das entidades a que era destinado.
Os resultados estão à vista. Enviamos 41 pacotes assim distribuídos:


DA AD- Acção para o Dsenvolvimento, nossa parceira no terreno recebemos a seguinte mensagem, acompanhada de fotografias que se seguem.
Seguem fotos do Jardim Infantil de Ingoré para onde foram canalizados os jogos e brinquedos que a Tabanca Pequena nos mandou.
Os putos deliraram.
Um grande obrigado à Tabanca Pequena (pequena só de nome...)
pepito

Todo o restante equipamento, livros e roupa foram entregues nos respectivos destinatários.
 Abertura do contentor
 Entrega do Material para Bafatá ao Padre Pedro
 Entrega das caixas de medicamentos em Comura ao Dr. Victor


Imagens da entrega dos caixotes no Jardim Infantil do Ingoré