sábado, 17 de julho de 2010

P464-MORREU BASIL DAVIDSON


- um grande amigo da Guiné-Bissau
Faleceu (9 de Julho, com 95 anos) o historiador e jornalista inglês Basil Davidson, o mais profundo conhecedor da África Colonial. Foi o único repórter ocidental que, durante as guerras, visitou as regiões libertadas da Guiné, Angola e Moçambique, conduzido no mato pela mão de Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Eduardo Mondlane durante semanas e por várias vezes.
Basil, que em Portugal tem traduzidas algumas das suas obras, tinha amigos e inúmeros admiradores. Um deles era o escritor Jorge Ribeiro, nosso companheiro na Tabanca Pequena, com quem contactou. Em 1999, Basil Davidson participou mesmo no livro «Marcas da Guerra Colonial», de Jorge Ribeiro, dando as suas opiniões sobre os crimes de guerra perpetrados pelos portugueses, tema que fez parte, pela primeira vez, da ordem de trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, a 12 de Dezembro de 1973.
Ao lado do marechal Costa Gomes, do historiador Luís Reis Torgal, do general Pezarat Correia, do filósofo Eduardo Lourenço, do último governador de Timor general Lemos Pires, e do antigo ministro do Ultramar Adriano Moreira, Basil Davidson concluiu nessa obra há onze anos: «Claro que foram os militares que cometeram crimes de guerra, mas estava tudo controlado pelo regime fascista. Muitos desses responsáveis já desapareceram, já não é possível fazer nada».
Numa entrevista a Jorge Ribeiro, Basil Davidson afirmou: «A História é complexa; o nosso dever é explicá-la às novas gerações, mostrando-lhes que a empresa colonial cometeu crimes terríveis».
Basil Davidson esteve por três vezes no interior da Guiné. Pela primeira vez, em 1967, acompanhou o líder do PAIGC, Amílcar Cabral. Haveria de lá voltar mais duas vezes, reportagens em cenários de guerra que viriam a estar na base do livro "No Fist Is Big Enough to Hide the Sky", a sua experiência na Guiné.
A Guiné foi um dos países que ele melhor estudou e acompanhou. O PAIGC foi o movimento de libertação que mais admirou. Um dia perguntaram-lhe: Qual foi o maior líder africano que conheceu? Resposta: Amílcar Cabral. " Se Cabral tivesse vivido mais tempo, teria sido muito provavelmente secretário-geral da ONU", disse Basil Davidson.

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