quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

P065-Quid pro quo ou a "quinta está desafinada"


Gostei desse termo tão usado afinal em retórica e eu só hoje vi como se escrevia… Se o vi porque escrevia é porque o li, e se o li foi porque estive com atenção a um esgrimir de palavras que evidentemente não serão as mais acertadas… O Marques Lopes admiro porque sabe muito bem moderar situações, é de uma humanidade incomparável e de uma calma de um bom "chefe" – não digo isto de bom chefe com qualquer sentimento de sarcasmo mas sim porque o sinto e já mais do que uma vez o vejo a moderar e bem e a dizer com calma – cuidado que isso pode ser complicado… TENS PACIÊNCIA QUE É O QUE MUITO FALTA AGORA.

Eu um dia na Tabanca Grande meti lá uma destas gaf's (não sei se é assim que se escreve), mas no entusiasmo da escrita a certa altura cometi a imprudência de dizer que haviam até indivíduos do QP que iam com vontades para o ultramar PARA TIRAR PROVENTOS… enfim… burrice atrás de burrice. De imediato o Pedro Lauret me chamou a atenção pela generalização e o Marques Lopes fez-me o mesmo… é por demais evidente que as minhas desculpas já estavam na manga e seguiram para o respectivo sítio… Nesse dia tinha-me fervido o sangue que sobrou de tanto" álcool que bebi então " que disse asneira… Tolo e empolgado disse "merda" muito rapidamente, falei de repente e mal pensado e saiu aquilo que efectivamente não era o que eu queria dizer. Melhor fora então estar calado, valeu-me efectivamente a reparação da desculpas que pedi e que se ajustavam ao caso… APRENDI, que quando falar não me posso focar num ou noutro caso mas na generalidade – aí todos iguais claro e na altura todos nos mesmos teatros de operações , a comerem a mesma coisa, usarem as mesmas balas e a "embrulharem" mais ou menos, etc… EU FUI TOLO NA ALTURA armado em escritor e crítico – aprendi a falar só quando fundamentado e nunca generalizar… mas… Ouçam:

Tinha – já não tenho porque morreu – um amigo que como eu tocava viola de fado no grupo de fados de Coimbra onde agora toco, aliás ele era um grande violista… Acontece que um dia estava num concerto público e… a certa altura, num intervalo de um fado – alguém chega-se à beira dele e diz: – a quinta está desafinada (quinta é a quinta corda da viola – um si). Meu amigo tentou afinar a quinta - tontintonton e pronto… lá continuou a tocar. Acabado aquele outro fado o mesmo indivíduo que tinha vindo ter com ele chegou-se novamente e disse: - a quinta está desafinada. Tin tintoton lá o meu amigo afinava e pronto já está afinada - outro fado e mais outro. Terminada outra música lá vinha o homenzinho e dizia: - amigo a quinta está desafinada. Bem o concerto fez-se e muito bem muitas palmas e o homenzinho já tinha sido afastado dali por estar a perturbar o concerto – afinal era doente da cabeça, maluco e só sabia dizer aquilo e pouco mais – a quinta está desafinada – UM TOLO como costumamos dizer em gíria e é mesmo… AFINAL A VIOLA ESTAVA AFINADA, o homem é que era infelizmente desafinado da cabeça…. qui-pro-quo , pois o meu amigo falecido já pensava que a viola estava mesmo empenada e não afinava… ESTA história verdadeira, nem sei se alegre ou triste mas foi assim e ainda hoje nos rimos de tal… Devemos ter cuidado com o que dizemos a não ser que sejamos como aquele homenzinho, e ter a certeza que a arma que empunhamos esteja limpa para que não aconteça alguém vir dizer que está suja…

Outra história esta militar foi passada em Vendas Nova… Num desfile passava a fanfarra e de fardas mais bonitas estava o Comendante etc etc … aquilo que tantas vezes assistimos… A fanfarra tocava e a caixas tocam assim trá, trá, trátrárá… pum (bombo), trá, trá, trátrárá… pum (bombo)….. Um bom homem 1º Sargento resolveu assim… Ao som do bombo dava um "peido" e ninguém ouvia… SEQUÊNCIA ENTÃO: trá, trá, trátrárá… pum (bombo) + "peido" ; trá, trá, trátrárá… pum (bombo) + peido. Bom a certa altura a fanfarra faz suspensão de bombo e ficou assim a sequência: trá, trá, trátrárá… pum (bombo) + peido, trá, trá, trátrárá… só "peido" - Fim. Muito sério o 1º diz: filhos da "puta" só agora é que haviam de parar…

Esta foi verdade também…

Aprendi aí também que – tenho que ter cuidado quando há uma suspensão – tenho que respeitar o ritmo da música… Etava eu na especialidade de atirador de Artilharia na EPA…

Um abraço, já que não pude ir hoje às sardinhas li tudo com mais atenção…

Um abraço, e quem tiver ouvidos que ouça, olhos que leia e quem não quiser - até à próxima sardinhada

QUERIA NO MOMENTO AGRADECER AO ÁLVARO QUE FEZ E PUBLICOU O VIDEO QUE GENTILMENTE MO OFERECEU, DO MEU GRUPO DE FADOS - SENDO QUE NESSE GRUPO ESTÁ TAMBÉM OUTRO COMBATENTE COMO NÓS E DA GUINÉ - O MANUEL MARTINS, IRMÃO DO ZÉ MARTINS QUE ESTÁ NA TABANCA GRANDE SEMPRE OPORTUNÍSSIMO NAS INTERVENÇÕES

David Guimarães

2 comentários:

  1. Caro David
    Ontem marcamos-te falta, quer dizer, notamos a tua ausencia.
    Estórias destas fazem falta conhecerem-se. Bota mais aí.
    Um abraço.
    Nota: Também passei pela EPA, onde fiz a especialidade. Tenho umas estórias engraçadas passadas lá. Mas uma coisa reconheço, ajudaram-me e muito psicológicamente a passar os quási dois anos da Guiné. Sempre reconheci esta ajuda e agradeci nos pensamentos aos capitães Oliveira(que chegou a cmdt dos Comandos creio que na Amadora)Branco, Rei, que encontrei mais tarde na Guiné e ao Major de quem não me lembro do nome neste momento, comandante do curso, e que mais tarde chegou a ser meu segundo cmdt e chefe de operações em Catió.

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  2. Amigo David Guimarães
    Obrigado pelo teu recado, tocado com a tua mestria de músico. Tomei nota. Mas há um aspecto que deve ser considerado: quem publica opiniões publicamente e de forma controversa (e um blogue pode ser lido por milhentos...) tem de pensar que a opinião dele não ficará sozinha a navegar na websfera. Não seria democrático, além de que, sem contraditório, esta tabanca poderia ficar taxada com uma opinião somente.
    Já agora: escrevi qui-pro-quo que é como se diz correntemente, por facilidade, mas, dado que queres saber como se deve escrever exactamente, já corrigi - é quid pro quo, que quer dizer à letra usar o quid em vez do quo, e em português confusão, falta de entendimento, engano na interpretação interpretação...

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