sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

P057-Um poema de Natal do Zé Manel para a Tertúlia


Na quarta passada o Zé Manel falou-me de uma pequena poesia que havia feito num dois Natais passados longe na Guiné. Desafiei-o a partilhar isso connosco e eis o que recebi dele por e-mail:

Os Natais até 72, eram momentos muito especiais, em casa de meus avós maternos, com os meus seis irmãos, todos mais novos que eu, os meus tios, muita,muita gente, pois até os empregados da casa jantavam connosco numa enorme mesa. Depois do jantar os mais novos ouviam deliciados as estórias da minha avó Glória, outros jogavam ás cartas matando o tempo enquanto se aguardava a chegada do Pai Natal que deixava as prendas na lareira da cozinha onde secava o fumeiro. Em 1972 tudo foi muito diferente. Uma enorme angustia que começou muito antes do dia 24 de Dezembro. Os dias iam passando devagar com uma vontade enorme de adormecer e só acordar no dia seguinte ao Natal.Mas fomos descobrindo aos poucos que nesse ano também tinha de haver Natal e tivemos de inventar uma família e ela nesse ano foi o Carvalho, o Nina , O Vieira, O Simões, o Farinha, O Polínia, O Vilas Boas, O Fernandes e também houve crianças. o Amadu, a Fati , o Seidi e muitos mais... Houve bacalhau num enorme jantar na escola de Mampatá e até batatas imaginem., o Martins Furriel Vagomestre arranjou esse milagre, e houve vinho, houve alegria e alguns choraram. eu dias antes tinha escrito algo assim:

O calor húmido nos envolve
abraça-nos a escuridão
e a noite se faz dia
co ribombar do trovão
cai água em catadupa
numa suave carícia
fecho os olhos...
que delícia!
até sinto um arrepio
sinto-me bem afinal
e penso que é Natal!..."

Zé Manel Lopes




2 comentários:

  1. Ganda Zé
    Gostei de ler. Mas passou-me uma coisa aqui pela mona e só para dizer mal. Em Dezembro na Guiné, não chove. Só calor de matar e muito cacimbo à noite, que até parece chuva, daquela tipo de molha-tolos, gelada e que encharca até aos ossos, eu que o diga. Bandido. Só para nos fazer sair a lágrima do canto do olho, inventaste este poema. Não te perdoooooo.
    Um abraço
    Jorge

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  2. Não chora....recordar é viver...
    Abraços..
    Lú..

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