segunda-feira, 23 de agosto de 2010

P480 - SEMENTES E ÁGUA POTÁVEL PARA A GUINÉ-BISSAU

A ÁGUA JÁ CORRE EM MEDJO

A população da Tabanca de Medjo é de cerca de 740 pessoas mais cerca de 140 crianças. 

Até há dias iam buscar a água a dois km de distância a uma fonte tradicional – Buraco (pequeno poço) feito na terra, em sítios onde o tipo de terra é menos permeável. Porque não tem anilhas de protecção nem rebordo em cimento, alagam as margens transformando-se em pequenas lagoas. A salubridade é nula sobretudo porque durante a época das chuvas a terra fica toda inundada e estes poços absorvem a água que para lá desliza., com toda a porcaria que arrasta.
       
Também era dali que se tirava a água para as necessidades básicas 
(lavar roupas e tomar banho, ali, mesmo ao lado). As águas sujas escorriam ou infiltravam-se na terra, com as consequências que facilmente adivinhamos.

Aproveitando a presença dos “poceiros” na região do Cantanhêz a AD- Acção para o Desenvolvimento, com a garantia de que a TABANCA PEQUENA- Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, iria conseguir os fundos necessários para este poço cobrir as despesas, decidiu iniciar o projecto de abertura de um poço em Medjo e assim permitir à população água ali mesmo na tabanca com o mínimo de salubridade.
  Chegaram os artistas estudaram o local e começaram os trabalhos 
 
 Construíram as anilhas, extraíram a terra e... ...
 
 A água pura apareceu, ali mesmo no centro da tabanca de Medjo

O Chefe da Tabanca custava-lhe a acreditar que fosse verdade, mas era... ...

Falta adquirir o equipamento – moto-bomba, painel solar, depósito e canalizações, porque ainda não conseguimos o capital necessário. Felizmente para a população local, já não precisam de fazer quatro Km para obter água (sem o mínimo de garantia de qualidade.
Temos de dar as mãos, ser solidários.

A propósito de solidariedade, recordo:

O John Kennedy no início do seu mandato, como presidente dos Estados Unidos, propôs ao povo americano dois objectivos:
- Enviar um homem à Lua, no prazo de 10 anos.
- Ajudar a eliminar a fome no mundo “ no tempo da nossa vida”

O primeiro objectivo, técnico e científico, alcançou magnificamente no período previsto (20/07/1969). já lá vão 41 anos. Neste campo os passos da humanidade continuam a ser passos de gigante, como nunca acontecera.

Quanto ao segundo objectivo, bem mais humanitário e social, os passos têm sido de caranguejo…
Todos sabemos que os celeiros do mundo rico (20% da humanidade) continuam a crescer e armazenam já, mais de 80% dos bens que o mundo produz.
Tenhamos consciência que não basta o desenvolvimento económico, técnico e cientifico para conseguir uma sociedade mais justa e humana. Assim a paz mundial, será cada vez mais uma miragem que se afasta quanto mais a perseguimos.

Precisamos de uma solidariedade inteligente e generosa, que nos una e ajude a resolver decididamente os problemas materiais, humanos e culturais dos povos pobres da Terra, localmente, respeitando a sua identidade e culturas caso contrário o abismo Norte - rico e SuL - pobre, aumentará cada vez mais.

O nosso desafio continua. Vamos abrir dez poços de água na Guiné-Bissau.
O primeiro já está. O segundo já tem vida/água.

Vamos em frente!

Zé Teixeira

2 comentários:

  1. Acho que é com boa vontade que o mundo avança e vocês estão de parabéns pela vossa iniciativa, mas em vez dos poços, deixem-me sugerir-lhes antes furos de água, devido à poluição a que estão sujeitos os poços de água na Guiné-Bissau, como consta neste artigo sobre o assunto:


    QUARTA-FEIRA, 4 DE AGOSTO DE 2010
    Guiné morre pela água, é barato mudar situação
    A Guiné-Bissau morre pela boca. A água que bebem os habitantes da antiga colónia portuguesa provém de poços contaminados, muitos deles pagos com doações de países ricos. Cientistas portugueses estão desde 2006 a estudar como mudar o panorama.
    A má qualidade da água, altamente contaminada com fezes e parasitas, está a comprometer o futuro de um país que fica a quatro horas de avião de Lisboa, porém a muitas décadas de desenvolvimento civilizacional. Lá, as crianças ainda morrem de diarreia, as mulheres têm uma média de 22 filhos e a esperança de vida não passa dos 46 anos.
    Adriano Bordalo e Sá, do Laboratório de Hidrobiologia do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), no Porto, conhece bem a Guiné-Bissau. Desde 2006, passa temporadas no país, tentando criar uma base científica para "encontrar formas sustentáveis de resolver o problema da água".
    No domingo, voltou a viajar. Com ele, partiu outra hidrobióloga do ICBAS, Ana Machado, doutoranda com um projecto sobre a cólera financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e ainda a filha do cientista, Joana Bordalo e Sá, médica oncologista que investiga a deficiência da população em iodo.
    A equipa começou por ir voluntariamente e ainda faz muito trabalho nesses termos. As descobertas têm sido alarmantes. Uma delas é que a cooperação internacional, incluindo as Nações Unidas, paga a construção de poços onde se acumula água muito poluída. " Um poço num país com as características da Guiné-Bissau é um presente envenenado", declara o cientista.
    São escavados no máximo a 20 metros de profundidade e para eles escorre toda a porcaria, num país onde pessoas e animais defecam ao ar livre, os porcos chapinham na água junto aos poços e há seis meses de chuva intensa. Nesses poços, a equipa do ICBAS encontrou ratazanas, bactérias e vírus (muito à vontade numa água que chega aos 31 graus) e um grau de acidez próximo do limão.
    Muito diferente seria se, em vez de poços, os guineenses pudessem tirar água de furos, cuja profundidade vai além de uma camada de argila impermeabilizadora que contém as águas pluviais."Há mais de seis mil poços na Guiné. É o mais barato e mais fácil de construir", refere.
    A ONG espanhola AIDA provou que os furos podem ser uma solução - com financiamento de 100 mil euros, doados pela Junta Autónoma da Galiza, construiu uma rede de fontanários nos bairros de Bolama, captando água em furos. "A incidência de diarreia desceu para metade", conta Bordalo e Sá.
    "Não é preciso muito dinheiro para melhorar a qualidade de vida das pessoas na Guiné", sublinha o cientista, lamentando que a ajuda internacional não recorra aos dados científicos apurados para tomar decisões fundamentais, algumas delas fáceis de executar.
    http://novasdaguinebissau.blogspot.com/2010/08/guine-morre-pela-agua-e-barato-mudar.html

    ResponderEliminar
  2. O artigo que transcreve não reflecte toda a realidade em concreto.Lamento que o seu autor não tenha aprofundado melhor a questão.
    Infelizmente há ONGs e particulares que apenas se preocupam em enviar dinheiro ou distribui-lo sem ter o cuidado de ver a quem. Por vezes, resulta é entregue a pessoas ou organizações locais sem escrúpulos. Fazem o poço sem os devidos cuidados de isolamento, ou seja sem anilhas devidamente cimentadas umas às outras para evitar a penetração de águas sujas, sem rebordo acima da superfície para evitar a entrada de águas pluviais e sem sapata de protecção que o envolve para tornar ainda mais difícil qualquer penetração de águas sujas (banhos, lavagem de roupas, louças, etc.
    Por outro lado o ponto de tiragem de água deve ser longe da boca do poço, o que se consegue ao montar-se em lugar afastado um depósito para onde se bombeia a água.
    Não temos dúvidas que um furo artesiano tem a vantagem de eliminar à milésima o risco de penetração de águas sujas e por outro lado reduzir o risco de secar na época quente.
    O seu custo, só o furo, fica por cerca de 3.000 €, quando feito no interior da Guiné,o que aumenta substancialmente o custo do ponto de água.
    Note-se que se eventualmente o equipamento avariar, a população fica impedida de conseguir água, enquanto se tiverem um poço,devidamente construído, podem tirar água através de um balde, até conseguirem a reparação. Importa sim, que estejam criadas as condições para impedir a penetração de águas pluviais ou conspurcadas no poço, para que tal aconteça é necessário que quem se dispõe a colaborar o faça integrado em organizações competentes, honestas e conhecedoras do terreno que pisam.
    Zé Teixeira

    ResponderEliminar