Texto de Amílcar Mateus, que foi chefe da Missão Antropológica e Etnológica da Guiné na década de 50 do século XX In “Acerca da Pré-história da Guiné”, publicado no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, Volume IX, Nº 35, Julho 1954, pg. 463:
“A caverna de Nhampasseré fica situada a cerca de 12 quilómetros de Nova Lamego, internada no mato a Sul da estrada que liga esta sede de circunscrição com Bafatá.
Para lá se chegar é necessário seguir aquela estrada e, a cerca de 4 quilómetros de Nova Lamego, virar para Sul e meter por um caminho que dela parte em direcção às povoações de Embalocunda e de Fula-mansa. Daqui segue uma picada através da floresta, que pára 2 quilómetros antes da caverna, havendo por isso a necessidade de caminhar durante esses dois quilómetros por uma vereda.
A caverna abre-se num morro de grés e tem a entrada maior, com cerca de 2,15 m de altura, voltada para Norte. Esta entrada dá para um átrio bastante amplo, donde partem 6 corredores em várias direcções, alguns dos quais abrem para o exterior. Alguns deles são altos e as suas paredes estão polidas pelo roçar das feras que aí se acoitam, outros são muito baixos e para se andar neles é preciso fazê-lo de rastos.
Isolada desta caverna, mas aberta também no mesmo morro, há uma outra, bem mais pequena que a anterior e que não oferece interesse de maior.
Explorada a superfície do pavimento da caverna grande, tratámos de abrir uma vala de exploração na direcção N-S. Foi preciso aprofundá-la até cerca de 80 cm para encontrarmos as primeiras peças de interesse: alguns fragmentos de cerâmica. Acharam-se depois outros, bem como instrumentos líticos de três naturezas petrográficas: dolerito, quartzo e grés.
Os fragmentos de cerâmica são todos pequenos, não podendo por isso avaliar-se nem a forma nem as dimensões dos vasos a que pertenceram. Foram confeccionados com barro vermelho grosseiro e apresentam gravura incisa variada.”
Outros objectos tinham já sido encontrados em Bolama e numa colina da região do Boé por outras expedições.
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