terça-feira, 5 de maio de 2009

167-XVI Encontro Nacional e I Congresso dos Combatentes


Saíu no "Diário de Notícias" de 6 de Fevereiro de 2009:

«Diversas associações de antigos combatentes e de militares dos actuais quadros permanentes estão a preparar um "Congresso dos Combatentes", em Lisboa, e que é o primeiro desde o fim da guerra colonial.

"Pretendemos que se comece a tratar as coisas frontalmente. Não podemos esquecer os veteranos que ainda estão vivos" e muitos deles deficientes de guerra, explicou ao DN o presidente da Federação Portuguesa das Associações de Combatentes, António Ferraz. A sessão de abertura do Congresso, que vai centrar-se no "reconhecimento e dignidade aos que serviram e servem as Forças Armadas", está marcada para o dia 10 de Junho, em Lisboa, data em que são homenageados - à margem das comemorações oficiais do Dia de Portugal - os mortos junto ao Monumento dos Combatentes do Ultramar (na Torre de Belém). Esta cerimónia, este ano, está a cargo de uma comissão presidida pelo general Tomé Pinto.

Conhecendo-se as dificuldades de relacionamento institucional e pessoal existentes no universo dos veteranos de guerra, diferentes fontes sublinharam ao DN que há um esforço de aproximação e unidade entre todos os intervenientes, nos bastidores, para evitar que a lógica reivindicativa do Congresso afecte a homenagem aos mortos - e para que a defesa dos interesses dos combatentes deixe de se cingir aos da guerra colonial, passando a incluir os que têm participado nas chamadas "novas missões de paz" (Bósnia, Kosovo, Afeganistão, Timor) desde a década de 90.

"Combatentes são todos" e o 10 de Junho "não é o momento de fazer reivindicações", referiu ontem o general Tomé Pinto, que agendou uma reunião para acertar agulhas e pedir sugestões, no próximo dia 18, com as associações de combatentes e as socio-profissionais de oficiais (AOFA), sargentos (ANS) e praças da Armada (APA).

Esta reunião vai dar sequência ao encontro que juntou aquelas associações - mas não a Liga dos Combatentes (LC) - no final de Janeiro, em Oeiras, e onde se formalizou a realização do Congresso. Noutro exemplo do esforço de união em curso, António Ferraz adiantou que já foi decidido convidar a quase centenária LC para se associar aos trabalhos do Congresso - o que dará ao evento, segundo uma das fontes, outra dimensão e importância.» 

O que é que eu acho

Primeiramente, mais uma vez vai fazer uma intervenção junto ao Monumento dos Combatentes alguém que não viveu o que os combatentes sentiram. O Prof. Dr. Manuel Braga da Cruz é um académico reputado, um estudiosos da História e dignatário em muitos organismos oficiais e religiosos. Mas não foi um combatente, depreendo, pois Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Braga, da Universidade Católica, em  1968, e foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura em Itália, entre 1970 e 1974, tendo-se licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Gregoriana de Roma. A guerra dele foi outra, pois. O seu discurso será bonito, acredito, mas ficará no vazio.
Depois, espanta-me que o general Tomé Pinto diga que o 10 de Junho "não é para fazer reivindicações". Antigamente o 10 de Junho serviu para reivindicar a continuação da guerra à custa dos heróis mortos. Porque não reivindicar agora melhor vida para os heróis vivos? É para continuar tudo na mesma.
Finalmente, "combatentes são todos" é para confundir, baralhar situações que não podem nem devem ser confundidas ou baralhadas: a Guiné não era o Kosovo nem o Afeganistão. Na Guiné dizia-se que defendíamos a Pátria, e nós é que pagávamos com a própria vida. No Kosovo e no Afeganistão, bem pagos, os que lá vão defendem o quê?...  ao serviço de quem?... Não é desrespeito, é só para dizer que não é o mesmo.
Razão teve a "Terraweb" nas interrogações que colocou na fotografia que acompanhou aquela notícia do DN. E também a ADFA, que se desvinculou da organização deste Congresso.

A. Marques Lopes 
Cor.Inf.Ref. DFA
 (Membro da ASMIR, Associação de Militares na Reserva e Reforma, membro da AOFA, Associação de Oficiais das Forças Armadas, membro da ADFA, Associação de Deficientes das Forças Armadas, Secretário da Direcção da Delegação do Norte da Associação 25 de Abril)

4 comentários:

  1. Estou inteiramente de acordo com o Cor. Marques Lopes.A nossa geração, a que fez a dita colonial, nada tem a ver com os que principescamente pagos andaram a passear pelos Cosovos e outros destinos turisticos, a nós não foi perguntado se queriamos ir, "ála marcha" pró barquito que vais como os porcos (não foi o meu caso...eu fui e vim nos TAM com umas môças hospedeiras muito bonitas!!! que nos serviam umas águas para desenjoar)e alguns lá ficaram...
    Hoje, se podemos,homenageamos e tentamos trazer os restos dos que lá ficaram.
    Portanto queridos amigos, não misturemos alhos com bogalhos e vamos unir esforços em torno da nossa geração porque foi essa que conosco sofreu e ainda sofre.

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  2. Ora aí está aquilo que eu digo há muito tempo e que ninguém parece querer saber: ex-combatentes há muitos,novos ou velhos, mal pagos e "muito bem" pagos, desprezados e heróis das "novas oportunidades", a passar férias de 6(seis) mesitos, ex-combatentes que COMBATERAM já não somos muitos. Que não haja confusões de uma vez por todas,nós somos VETERANOS DE GUERRA,(de "guerra"), com voz bem alta e letras grandes,para saberem que "ainda" cá vamos andando. Infelizmente já tiramos lugar aos veteranos da 1ª G Guerra,que também eles foram desprezados.

    cumprim/jteix-veterano de guerra
    ex-Furriel Milº Art.
    CART2412-68/70 Bigene-Guidage-Barro

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  3. ... ao sr. coronel de infantaria reformado António Manuel Marques Lopes (ex-alferes miliciano da CArt1690, militante do PCP, membro da ADFA, da A25A, da AOFA e da ASMIR):

    Na sequência de pesquisa na net, relacionada com o previsto Congresso dos... "Combatentes"(!?), acedi neste momento a este s/p167 relacionado com o mesmo tema.
    – Concordo, genericamente, com o seu manifesto.
    – Mais informo que as aludidas «interrogações»(apostas «na fotografia que acompanhou aquela notícia do DN» e que permanece online no portal UTW), são de autoria deste comentarista e já então resumiam, na essência, o fundamentado entendimento pessoal sobre um tal "evento", que ao longo de meses foi patrocinado e
    preparado, precisamente, em instalações para o efeito cedidas pela A25A, pela ADFA e pela AOFA...

    Cordialmente,
    Abreu dos Santos

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  4. O Comentário principal do Marques Lopes (como os demais) acabam por, de uma forma ou de outra, desmistificar o EMPASTELAMENTO DA INFORMAÇÃO, afim de fazer diluir AS JUSTAS REIVINDICAÇÕES DOS VETERANOS DA GUERRA DO ULTRAMAR.
    Querer misturar voluntariosos, bem equipados e melhor remunerados defensores (de quê?) com as imposições do SMO, cá e no Ultramar (ou Colónias), sem direitos e só com Deveres, é uma fantasia que deve ser repudiada.
    Assim é exigido em Memória dos que por lá deixaram as suas Vidas, ou dos que voltaram com mais ou menos mazelas físicas e, ou, psicológicas "herdadas" e quase nunca valorizadas pela Pátria a que Servimos.

    Santos Oliveira
    Srg.MilºA:Pesadas/Ranger
    do extinto P.Mort.912
    (Como/Cufar e Tite)

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