quarta-feira, 11 de maio de 2011

P559-VI ENCONTRO DA TABANCA GRANDE 4 DE JUNHO DE 2011-PALACE HOTEL MONTE REAL

VI ENCONTRO DA TABANCA GRANDE
4 DE JUNHO DE 2011
PALACE HOTEL MONTE REAL

Voltamos a falar no nosso Encontro quando falta menos um mês para o grande acontecimento.



Vamos então lembrar o mais importante:

1 - Como não houve reclamações em relação ao serviço e instalações no último Encontro da Tabanca Grande, bem antes pelo contrário só houve elogios, a comissão para o VI Encontro, após consulta à disponibilidade do Palace Hotel de Monte Real, encontrou disponível só o primeiro fim de semana de Junho, apostando por isso no dia 4.

A organização do Encontro que será mais uma vez fruto da iniciativa do nosso Editor Luís Graça e do nosso camarada Mexia Alves, terá como colaboradores:
Miguel Pessoa que tem como missão a feitura e envio dos crachás aos participantes; Magalhães Ribeiro, Belarmino Sardinha, José Eduardo Oliveira e José Martins que estão de reserva, podendo colaborar no dia do Encontro, por exemplo no acto do recebimento.


2 - As inscrições estão abertas, devendo ser feitas em devido tempo para evitar problemas logísticos ao camarigo Mexia Alves que, no terreno, tudo vai fazer para que nada nos falte.

Como nos anos anteriores, eu (Carlos Vinhal), serei o fulcro das inscrições. Sem prejuízo do envio das mesmas para o Mexia Alves, convém que me seja dado conhecimento para que as listas de almoço e alojamento se mantenham actualizadas.

Para os mais distraídos aqui ficam os nossos endereços electrónicos:

carlos.vinhal@gmail.com
joquim.alves@gmail.com
A exemplo dos anos anteriores, no envio da inscrição devem mencionar o nome da vossa companheira, necessidade ou não de alojamento, para que dias, e o local de onde se deslocam.
Os tertulianos que inscrevam camaradas não pertencentes à tertúlia, devem-nos identificar com o nome e apelido, se possível indicando os seus contactos telefónicos ou electrónicos.


3 - Preços:

Almoço e lanche - 30,00€ por pessoa

Alojamento no Palace Hotel Monte Real:
- Duplo APA: 60€
- Single APA: 50€

(Preços especiais para este Encontro)


4 - Ementa:


5 - Lista dos 86 inscritos até ao momento:

Agostinho Gaspar - Leiria
Álvaro Basto, Fernanda e Rolando - Leça do Balio / Matosinhos
António Baia e Celeste - Amadora
António Estácio - Mem Martins / Sintra
António Graça de Abreu - S. Pedro de Estoril
António J. Pereira da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António Marques e Gina - Cascais
António Martins de Matos - Lisboa
António Sampaio e Maria Clara - Leça da Palmeira/Matosinhos
António Santos e Graciela - Caneças/Loures
António Soares e Maria Amélia - Perafita / Matosinhos

C. Martins - Penamacor
Carlos Pinheiro e Maria Manuela - Torres Novas
Carlos Santos - Viseu
Carlos Silva e Germana - Massamá / Sintra
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira/Matosinhos

David Guimarães e Lígia - Espinho
Delfim Rodrigues - Coimbra

Eduardo Campos e Manuela - Maia
Eduardo Roseiro - Viseu

Felismina Costa e João Carlos - Agualva-Cacém / Sintra
Fernando Franco e Margarida - Amadora
Fernando Santos e Esposa - Senhora da Hora / Matosinhos
Francisco Varela - Lisboa

Hugo Guerra e Ema - Lisboa
Humberto Reis e Teresa - Alfragide/Amadora

Jaime Machado e Manuela - Senhora da Hora / Matosinhos
Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel
Joaquim Mexia Alves - Monte Real/Leiria
Joaquim Sabido e Albertina - Évora
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão - Oeiras
Jorge Narciso - Cadaval
Jorge Picado - Ílhavo
Jorge Rosales - Cascais
José Barros Rocha - Penafiel
José Brás - Montemor-o-Novo
José Eduardo Oliveira (JERO) - Alcobaça
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Martins e Manuela - Odivelas
José Pedro Neves e Ana Maria - Lisboa
José Rodrigues e Luísa - Senhora da Hora/Matosinhos
Juvenal Amado - Fátima

Luís Graça e Alice - Alfragide/Amadora
Luís R. Moreira - Agualva - Cacém / Sintra

Manuel Amaro - Alfragide/Amadora
Manuel Joaquim e Zé Manel - Agualva - Cacém / Sintra
Manuel Resende e Isaura - Cascais
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
Mário Fitas - Estoril

Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
Rui A. Ferreira - Viseu

Semião Ferreira - Monte Real

Tomás Carneiro - Ponta Delgada / RA Açores

Vasco Ferreira e Margarida - Vila Nova de Gaia



Contamos convosco para superar o número de participantes no V Encontro.
Os camaradas que entraram mais recentemente para a tertúlia não podem perder a oportunidade de vir conhecer os mais velhinhos.

Pela Organização
Mexia Alves/Carlos Vinhal

terça-feira, 3 de maio de 2011

P558 - SINAIS DA PORTUGALIDADE SEMEADA PELOS COMBATENTES NA GUINÉ-BISSAU.




Após umas horas de merecido repouso, na sequência de uma noite em viagem de Lisboa para Bissau, eu e os meus filhos Joana e Tiago, deixamos o Bairro de Quelelé para uma visita à cidade histórica de Bissau.
O Antero, condutor da viatura que a AD nos disponibilizou para as nossas deslocações em Bissau que é um excelente conversador, fazia de cicerone, explicando-nos que estávamos a atravessar o bairro a que foi dado o nome de Bissau Novo, ainda no tempo do colonialismo. De repente ouvem-se os acordes do hino A Portuguesa ou seja o Hino de Portugal. Era o telemóvel do Antero que tocava accionado por alguém que lhe queria falar.
Exclama o Tiago, estou a ouvir o Hino de Portugal!
Diz-lhe o Antero um tanto atrapalhado, eu gosto muito de ouvir o hino nacional!?
E… deixou tocar para que pudéssemos saborear este momento de portugalidade.
Depois, timidamente pergunta, posso atender?
Várias vezes nesse dia e seguintes pudemos ouvir o “hino nacional” como o Antero tinha o prazer de lhe chamar.
A conversa foi então desviada para a sua meninice. Viera, muito pequeno, de Encheia com os pais e radicalizara-se ali no Bairro de Bissau Novo.
Manhã cedo corria para a Praça do Império e para o QG para ouvir o toque de hastear bandeira e comunicar com os militares portugueses. Sobretudo gostava de ao domingo  ver a parada militar que se desenrolava na Praça do Império. Deste modo foi cultivando o seu sentido de filho de Portugal como os nossos políticos e militares de então tão bem semeavam.
Hoje, o seu maior prazer é ser condutor dos portugueses que vão a Bissau, comunicar, conversar, contar histórias da sua meninice. O seu herói é o tabanqueiro, Coronel Nuno Rubim, o capitão fula, tão querido em Guiledje e grande dinamizador do Museu que se está a construir nesta Tabanca com objectivo de  deixar aos vindouros um pouco da realidade histórica da guerra colonial ou da Independência que acabou por unir de forma indelével os combatentes de ambas as frentes.


O Antero, o Guineense que gosta de ouvir o Hino Nacional
No dia seguinte ao chegar a Mampatá Forreá, recebo um aperta costelas do Puto Reguila. Outro menino que parava à porta do quartel de Quebo (Aldeia Formosa). Transporta na sua mente um grupo de amigos, que nunca esquecerá, tais como o Lobo de Matosinhos e o Carmelita de Vila do Conde. É um gosto ouvi-lo cantar a Mariquinhas da Amália Rodrigues, com letra adaptada às colunas que se faziam de Aldeia Formosa para Buba e vice-versa. Mas tem muitas mais canções que ficaram gravadas na memória.
O "Puto reguila", sempre pronto a cantar mais uma cantiga.
Andando mais um pouco, paramos em Faro Sadjuma para almoçar. Eis que a nossa anfitriã, a cozinheira do excelente petisco que saboreamos, ao ver a viola e o cavaquinho do Luís e do João Rebola, logo os desafia a tocarem o malhão, que ela tão bem cantou. Claro que não nos fizemos rogados e logo ali o Eduardo Moutinho Santos demonstrou os seus dotes de cantor, formando-se uma tertúlia com a senhora aficana a dar o tom.
Em Faro Sadjuma cantou-se o malhão
Ali mesmo, conhecemos a filha do já conhecido tocador de gaita-de-beiços, também chamada harmónica de boca, que se prontificou a ir a Medjo convidá-lo para se apresentar nessa noite em Iemberém para nos deliciar com as suas tocadas do Vira do Minho e outras músicas tradicionais dos ranchos folclóricos portugueses.
Apareceu-nos no outro dia de manhã, a pedir “discurpa” por não ter vindo à noite, devido a falta de transporte. Foi de Medjo até Iemberém a pé, para nos ver e poder tocar as nossas músicas. Infelizmente, estávamos de abalada, pelo que tocou duas gaitadas e foi embora. Triste ficou, com certeza, porque estes tugas foram uns ingratos. Mandaram-lhe um convite e depois deixaram-no a tocar sozinho, quanto ele veio com tanto gosto, sabendo quanto é apreciado pela sua arte que não é mais nem menos que a arte que um camarada nosso levou para a Guiné. Por lá deixou a gaita, nas mãos o nosso tocador guineense que a guarda religiosamente na caixa de origem e cultiva os acordes que aprendeu com todo o carinho.

Foram estes, entre tantos outros, bocados de portugalidade, semeados por simples homens do povo, soldados de Portugal que demandaram às terras da Guiné, forçados pelas circunstâncias de um tempo em que os senhores deste nossos País, remando contra os ventos da história sonhavam com um Portugal, uno e indivisível do Minho a Timor, quando lhes restava, historicamente, apenas o velho cantinho europeu.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

P557 - VAMOS OFERECER O BARCO À TABANCA DE ALALAB

Os habitantes da Tabanca  de Alalab no Norte da Guiné-Bissau já decidiram o nome que irão dar ao Barco que lhe vamos oferecer.

Será o “Tabanca Pequena
Uma fora simbólica de agradecimento à nossa Associação


Dimensões: 10 metros de comprimento.


Número de pessoas que pode transportar: Cerca de 35


Ganhos em termos de tempo para chegar a Susana:
 Na situação actual, a população tem de dar uma volta enorme a  pé passando por Edjim, Catão e Cassolol, o que exige cerca de 4 horas, passando por caminhos arenosos e pelos diques de cintura das bolanhas;
A outra alternativa actual é a do uso de pirogas muito perigosas, movidas a remos frequentemente por mulheres, com o risco de se virarem. É preciso contar com 3 horas para esta viagem
Com o novo barco a motor, a viagem faz-se em 45 minutos em condições de perfeita segurança.

Benefícios para a população:
Rapidez de acesso a Suzana, que é o centro de saúde mais próximo, para efeitos de tratamento
Meio de evacuação de doentes ou pessoas acidentadas a qualquer hora do dia
Segurança no transporte, contrariamente ao que se passa hje em que as canoas se viram com perdas de vidas humanas, bens alimentares e mercadorias de consumo alimentar
Assegurar o transporte de palha para cobrir as suas casas, contrariamente ao que se passa hoje, em que o facto de se ter que ir buscar muito longe de Elalab (nesta tabanca não há), faz com que algumas casas acabem por cair se não se conseguir o transporte;
Evacuação de produtos locais para os mercados semanais da zona: arroz, camarão, ostra, etc.

Repartição da despesa: 

Tabanca Pequena: assegura a construção do barco no valor de 900.000 CFA
Custo (em CFA):
madeira: 300.000
pregos: 60.000
quilha: 50.000
ferros: 60.000
tinta: 80.000
alcatrão: 30.000
mão de obra: 320.000   
Valor em euros. Cerca de 1.500.00


A AD (via fundo especial da venda de lâmpadas solares da ONG alemã TABANKA) compra o motor de 15 CV: 1,285.000 CFA.
Explicação do Fundo de Iniciativas TABANKA: Esta ONG alemã doa à AD lâmpadas solares que esta vende às pessoas interessadas. Com o resultado da receita, a AD financia algumas iniciativas de interesse social colectivo que as tabancas apresentam. Os moradores das Tabancas propõem, a AD executa. Foi o caso deste motor.


Uma piroga
Caminhos para Elalab
A nossa chegada a Elalab
Crianças de Elalab, tal com os adultos, vestiram  a melhor roupa para nos receberem.
Forma simpática de dizer: Venham cá mais vezes.
Zé Teixeira

segunda-feira, 25 de abril de 2011

P556 - ELALAB , TERRAS DO FIM DO MUNDO

Se há uma tabanca de que se possa afirmar que fica no fim do mundo, essa tabanca chama-se Elalab.
 
Uma amostra do caminho
Caminhar a pé com água doce ou salgada.
É um caminho/dique separador de águas
De um lado água doce. Do outro o tarrafo de um braço do Rio Cacheu.
O nosso amigo Pepito conhece o caminho como ninguém.
Para entender o seu isolamento teremos de voltar aos tempos em que os portugueses, tal como os outros povos europeus, varriam a costa de África na caça aos escravos. Na primeira fase dessa vergonhosa actividade, os escravos eram trazidos para a Europa. Só posteriormente se dinamizou o mercado de escravos para a América do Sul e América Latina.
Ainda na primeira fase, os povos autóctones mais fortes, como os Mandingas que procuravam dominar os mais fracos, entre os quais os Felupes, para vender os seus membros aos esclavagistas brancos. Os Felupes, para se defenderem dos seus adversários procuravam instalar-se em terras de difícil acesso, construíam as suas habitações com refúgios típicos de onde podiam ver o adversário e atacá-lo com as suas setas envenenadas.
Ficou-lhes na massa do sangue como soe dizer-se. Ainda hoje, os Felupes constroem as suas tabancas em lugares de acesso difícil. Elalab é um testemunho bem real.
Uma morança com o posto de vigia no vértice superior.
Outro tipo de morança fortificada, com pequenas janelas e portas muito baixas e apertadas
Para se chegar a esta terra de gentes tão simpáticas e acolhedoras, torna-se necessário ter um bom jeep com tracção às quatro rodas e potente motor. Mais que isso, exige-se um bom condutor e conhecedor do caminho. O nosso condutor, o Pepito, apesar de conhecer o caminho como ninguém, pois foi ele que o descobriu, atascou duas vezes na ida.
São três quartos de hora a rodar em autêntico deserto, de areias soltas, em rali, talvez comparavel ao Paris-Dakar em ponto pequeno. Mesmo assim que aventura!  
Eu que já andei um dia inteiro nas areias do deserto da Mauritânia, digo que não tem comparação, dado que o atolamento, devido ao tipo das areias, é uma constante.
Encontra-se uma tabanca no fim da aventura a quatro rodas, para se iniciar nova aventura a dar ao pé por caminhos feitos nos diques que separam as lagoas/rios de água doce, dos braços de água salgado do rio Cacheu. Por fim, aparece Elalab, rodeada de água doce ou salgada por todos os lados menos por um, o tal dique que nos permitiu lá chegar, com dezenas de crianças a correr ao nosso encontro.
A caminho da escola
As crianças 
O Pepito na escola, o homem que é adorado por aquela gente  e muitas outras gentes da Guiné-Bissau
 

O Pepito a explicar aos homens grandes, a razão da nossa presença ali.
 
Em roda, homens, jovens (rapazes), raparigas e as mulheres, por esta ordem, em circulo para nos ouvirem

Tem escola e dedicados professores, tem poços de água, tem muito peixe, têm uma Igreja católica e são praticantes fervorosos, segundo me disseram. Pode dizer-se que as suas gentes não passam fome. Mas, se alguém fica doente, não há médico que lá chegue e… tirar de lá o doente para o levar a um hospital, terá de sair de canoa…
As mulheres grávidas sabem qual é o seu destino e os riscos que correm. Parir ali no mato, sem o mínimo dos mínimos exigíveis, o que tem provocado a morte de muitas mulheres por infecções, bem como bebés. Conscientes da realidade, foram pedir à AD para construir um espaço com o mínimo de condições higiénicas a que chamam Centro Materno Infantil.
Na impossibilidade da Tabanca Pequena apoiar financeiramente o empreendimento a AD voltou-se para a nossa congénere alemã Tabanka, que parece ter-se disponibilizado para financiar a construção.
Da Tabanca Pequena ficam à espera que se comprometa a fornecer os acessórios, como a marquesa, camas de repouso e consumíveis de higienização e apoio às parturientes.
Por outro lado, sentimos que é urgente dotar a Tabanca com um barco para transporte de pessoas até Susana. A acidentada viagem de cerca de duas horas, por terra, resume-se a cerca de um quarto de hora por via marítima. Para além disso, numa terra rodeada de água, um barco faz muito jeito para o transporte de mercadorias, como por exemplo a palha de capim para cobrir as moranças, que vão buscar aos capinzais afastados da tabanca, do outro lado do rio.
Creio que estamos em condições de, em parceria com a AD, mais uma vez contribuir para a felicidade deste povo, oferecendo o barco que custa de 1.500.00 €, comprometendo-se a AD a fornecer o respectivo motor.
Mais um desafio à Tabanca Pequena. Saberemos ultrapassá-lo como o costume com a colaboração dos nossos associados e amigos.

Zé Teixeira

sexta-feira, 15 de abril de 2011

P555-Mais um grupo rumo à Guiné

Partiu hoje rumo a Bissau mais um apreciável grupo de "Tabanqueiros" que lá se deslocam não só em romagem de saudade mas em trabalho de reconhecimento para a nossa Associação.
Á excepção de um, todos os outros são nossos associados e têm assumido de forma bem consistente. a nossa causa humanitária.
"Comandados" pelo nosso querido Zé Teixeira, o mais experiente do grupo, e que desta vez se faz orgulhosamente acompanhar pelo filhos Tiago e Joana, vão matar saudades e desenvolver ações de reconhecimento local para os nossos projectos dos poços e das nossas ajudas médico sanitárias que temos previstas para o corrente ano.
Vão ter em Bissau a colaboração imprescindível do Xico Allen que por lá se encontra há já algum tempo e da AD na pessoa do Pepito que os orientarão da melhor forma com vista a tornar a estadia deles o mais agradável possível.
Eis a comitiva hoje à tarde à partida no aeroporto Sá Carneiro.

Da esquerda para a direita, o Jorge Cruz (soc.-21), Vitorino Silva (soc.-47), Joana Teixeira (soc-226), Tiago Teixeira (soc.-131), José Teixeira (soc.-4), Moutinho Santos (soc.- 5), João Rebola (soc.- 199), um camarada de que não sei o nome,Nascimento Azevedo (soc.-73) e Bento Luis (soc.-211)

Especialmente dedicado a este grupo o Lino Silva que é um poeta afamado e faz rimas com enorme facilidade dedicou-lhes estas quadras na passada quarta feira no final do nosso almoço semanal

o autor

Como o Adelino nós também lhes desejamos boa viagem e que encontrem nesta viagem (para a maior parte a primeira após a guerra) as alegrias e o conforto que buscam.

Álvaro Basto

quarta-feira, 13 de abril de 2011

P554-LAMPREIADA NO PRÓXIMO DIA 30 DE ABRIL


O nosso camarada António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Mampatá, 1972/74, enviou-nos o seguinte convite com data de 12 de Abril:









Lampreiada no dia 30 de Abril

Vai realizar-se uma jornada gastronómica e turística no dia 30 de Abril (Sábado), no Restaurante Freitas, localizado à margem da Estrada Nacional nº 108 (R-108) conhecida por estrada Porto - Entre-os-Rios, mesmo junto à ponte/barragem de Crestuma-Lever.



Programa da Jornada

11h00 - Concentração no Parque de Estacionamento do Restaurante;


11h01 - Início da visita às instalações da Barragem Hidroeléctrica guiada por um técnico da barragem, pelo Sr. Engº Costa e Silva (EDP) e o nosso Pira de Mansoa Magalhães Ribeiro, que também integra os quadros profissionais da EDP;


12h30 - Almoço (Prato único - Lampreiada);


15h00 - Visita à nova Ponte sobre o Douro (Ponte de Medas) e hipotética visita à Central de Ciclo Combinado de Produção de Energia Eléctrica a Gás Natural, também em Medas.



PS: O preço do almoço é igual ao que pagamos às quarta-feiras nos nossos habituais almoços/encontros.


O dono do restaurante, o Aníbal,  também foi combatente na Guiné 73/74.


O vinho será pago por fora mas é bom (novo da Quinta da Senhora da Graça) e barato.


Por um ou dois euros teremos vinho à fartura para todos. 


IMPORTANTE
As confirmações de presença devem ser remetidas para os telemóveis do António Carvalho – 919401036, do Magalhães Ribeiro – 965 059 516, para o e-mail: ascarvalho1972@iol.pt
Podem trazer companhia


É imperativo confirmar as presenças até ao dia 27.

Este almoço não tem como objectivo a angariação de fundos para a Guiné... não pode ser sempre.

Um abraço,
Carvalho de Mampatá

sexta-feira, 8 de abril de 2011

P554-AS CRÓNICAS DO ZÉ RODRIGUES

CRÓNICAS DAS MINHAS VIAGENS À GUINÉ-BISSAU
A PRIMEIRA VIAGEM – 1998

4 – A CAMINHO DO XITOLE, 26 ANOS DEPOIS.
No Capé, bem cedo, preparamo-nos para a viagem ao Xitole. Viatura pronta, almoço pic-nic na mala térmica para um dia inteiro “fora de casa” e lá partimos para uma visita cheia de incógnitas e de muita ansiedade. Vinte e seis anos depois estava agora a caminho dos locais em que vivi os momentos mais marcantes e sofridos do meu percurso como ser humano. Ia levantar a poeira das memórias, ia rever um filme cujo enredo conhecia, mas cujo cenário e figurantes eram agora uma interrogação. Atravessamos Bafatá.

A partir daqui a estrada era alcatroada mas, a espaços, muito maltratada. Pela frente ficava Bambadinca. Aqui, esteve sediada a CSS do BART 2917 a que pertencia a “minha” CART 2716. Em toda a comissão, só passei por Bambadinca de e para Bissau ou Bafatá e, este não era o momento para me deter por aqui.
Seguimos o nosso caminho e confesso-vos que, ao atravessar Bambadinca, talvez pela presença de militares ou pelo imenso formigueiro humano que nos impunha marcha lenta, me senti algo inseguro. Uns quilómetros mais à frente e, já só pensando no Xitole, tudo passou. Com os olhos fixos na estrada tentava adivinhar os

sinais que me ajudassem a identificar a “Ponte dos Fulas”, passagem obrigatória a caminho do Xitole. De repente, surge uma ponte que não conhecia. Aqui paramos e lesto, saltei da viatura. Um misto de alegria e de nervoso miudinho dominava-me. Debrucei-me sobre o varandim e não foi difícil encontrar logo ali o esqueleto da velha ponte. De um lado, alguns pilares carcomidos pelo tempo e, do outro, escondido entre a ressequida mas densa vegetação, estava escondido o velho fortim de vigilância. Estava-mos na época seca e, do rio Pulon, restava uma pequena lagoa com uma canoa submersa. Nada mais restava daquilo que a memória guardava. As obras da nova ponte e da estrada alcatroada, apagaram a estrutura principal do destacamento. Mas, qualquer coisa faltava ainda ao cenário. A memória dizia-me que, entre a mata que deixara para traz e a ponte, existia uma bolanha que era cortada pela picada de acesso à mesma. O arvoredo que foi crescendo, algo disperso, alterou a paisagem. Da bolanha só o local. O Xitole estava agora muito próximo. Jipe em marcha, vencida uma pequena subida e, tendo por companhia cajueiros de ambos os lados da estrada, surge uma pequena placa que indicava que à direita estava o Xitole. Abordamos a entrada da povoação.

A paisagem que se me apresentou, só a espaços me dizia alguma coisa. Reconheci as árvores alinhadas de ambos os lados da antiga picada à saída do Xitole no sentido Saltinho, mas não reconheci uma mesquita que entretanto aí se construíra. Esta não era a entrada para o Xitole que eu conhecia. Avançando devagar, entramos pela tabanca adentro. A comparação das imagens que guardava na memória, com o cenário que tinha pela frente, dizia-me que esta era o lugar em que passei os cerca de dois anos mais marcantes da minha vida. As moranças, alinhadas como no passado, eram agora em menor número e os velhos mangueiros continuavam no seu posto de sempre. À medida que íamos avançando, a localização do “quartel” tornava-se mais nítida. Poucas crianças e alguns adultos aproximaram-se do jipe. Num primeiro olhar, não descobri qualquer cara conhecida. As primeiras palavras entre nós foram, num primeiro momento, algo cerimoniosas, passando rapidamente para o desinibido e até efusivo, o suficiente para quebrar aquela estranha sensação de estar a invadir a intimidade daquela gente. Sentia-me tranquilo e feliz. Estava entre a “minha” gente. Reconheci neles a simplicidade, o jeito afável e as marcas das suas tradições e cultura. Era aquele povo que aprendi a respeitar, mas a quem tudo falta. Já no local da “porta de armas” e, na nossa frente, eram visíveis a casa do Chefe do Posto, o depósito de géneros, a secretaria e messe de sargentos, a messe dos oficiais e, à esquerda, o esqueleto em betão do que foram as oficinas e o posto de socorros. Aqui, mais ao centro, estava o memorial deixado pela CART 2413 que nos antecedera, e o mastro em que todos os dias era desfraldada a Bandeira Nacional.

À direita, ainda resistia a casa e o armazém do comerciante libanês Jamil Nasser. Saí do jipe e fui vasculhar o que restava do “meu” posto de socorros. Dois degraus, as vigas da estrutura da construção e os muitos “cacos” dos tijolos que tinham sido aproveitados para outros fins, eram tudo o que restava do cenário em que exerci a enfermagem possível, e de que guardo memórias que nunca mais se apagam. Continuamos até ao fundo do “quartel” e aí encontrei outra construção que não conhecia. Era a escola com duas salas de aulas. Quando o Professor (Nicolau Afonso) se apercebeu da nossa presença, acabaram-se as aulas. Dissemos que trazíamos roupas, cadernos, lápis e uma bola de futebol. A criançada pulava alegre, ruidosa e olhava-nos com curiosidade. A notícia chegara até à tabanca e não tardou que mais crianças e adultos se nos juntassem para a distribuição. Era o brilho no olhar daquela gente e o sinal de que estavam gratos pela nossa presença. Quando demonstrei interesse em encontrar o “meu ajudante”Galé Djaló, informaram-me que ele vivia em Quebo (Aldeia Formosa). Aproximava-se a hora de aconchegar o “papo” e fomos devorar o almoço pic-nic em Cussilinta, para onde nos dirigimos, passando pelas tabancas de Cambêssê e Sincha Madiu,


com a ideia de irmos depois até Aldeia Formosa. Os rápidos de Cussilinta são um lugar de visita obrigatória para quem dele desfrutou no tempo da guerra. O almoço bem regado e “farto” de carnes frias, foi saboreado à sombra de robustas e velhas árvores, junto dos rápidos. Para ajudar à digestão, saltitamos depois pelas rochas até aos canais por onde a água se escapava e até junto da piscina natural. A paisagem é soberba. Duas águias pesqueiras sobrevoavam a zona. Estava na hora de irmos até Aldeia Formosa procurar o Galé. Pelo caminho ainda haveria lugar a uma pequena paragem no Saltinho para um café e para se apreciar aquela obra de arte. Lugar mítico este. Um antigo quartel aproveitado para uma “Pousada” de Pesca e Caça, uma ponte de porte altivo e o Rio Corubal a deixar-se deslizar por entre os espaços das rochas. A paragem seguinte seria na procura daquele guineense futa-fula que tanto me tinha ajudado. Chegados a Aldeia Formosa indaguei, junto de um grupo de locais, da localização da morança do Galé. Depois de conversarem entre eles, informara-me que ele estava a trabalhar em Cacine, lá bem para o sul, como funcionário das alfândegas. Deixei o meu contacto e o pedido de, o informarem da minha presença no dia seguinte no Xitole. Queria encontrar-me também com o ajudante dos mecânicos Saido Baldé, que nessa manhã esteve ausente do Xitole. Estava na hora do regresso ao Capé, para um resto de tarde junto da piscina, na companhia dumas “loirinhas” bem fresquinhas. Foi um dia que respondeu a muitas das perguntas que trazia na bagagem e que me conciliaram com o passado. O “quartel” do Xitole, retinha o essencial da sua estrutura e, apesar da degradação, tudo me era familiar. Estava tranquilo, feliz e em segurança, mas sentia a falta do contacto humano daqueles que conhecia. Amanhã seria um novo dia.
Continua…………